O dólar fechou em leve baixa ante o real nesta segunda-feira, 30/12, no que foi a última sessão de negociação de 2024, devolvendo os ganhos de mais cedo após o Banco Central realizar novo leilão de dólares à vista, mas acumulando uma alta anual significativa contra a divisa brasileira.
O dólar à vista fechou em queda de 0,22%, aos R$ 6,179. No ano, a moeda norte-americana acumulou alta de 27,36%, maior oscilação desde 2020, na pandemia de covid-19, quando avançou 29,3% em relação ao real.
Na B3, às 17h20, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,09%, a R$ 6,192 na venda.
Após um início de pregão oscilando entre perdas e ganhos, o dólar vinha consolidando uma alta mais firme frente à moeda brasileira no início desta tarde, com o mercado reagindo à disputa pela determinação da Ptax de fim de mês e digerindo as perspectivas econômicas para 2025.
No último relatório Focus do ano divulgado pelo BC mais cedo, o mercado elevou pela décima primeira vez consecutiva suas projeções para a inflação ao final de 2025, agora em 4,96% ao ano, de 4,84% na semana anterior, mantendo-se acima do teto da meta, que é de 4,5%.
Na esteira das informações do Focus e da disputa pela Ptax, o dólar atingiu a máxima da sessão, a R$ 6,242 (+0,8%), às 13h49.
Mas a moeda norte-americana devolveu todos os ganhos do dia e passou a recuar após o BC vender 1,815 bilhão de dólares à vista em um novo leilão realizado entre 13h56 e 14h01 desta segunda.
Com a operação, a autarquia totaliza agora 32,6 bilhões de dólares vendidos (21,6 bi à vista e 11 bi com compromisso de recompra) desde que iniciou uma série de intervenções no câmbio em 12 de dezembro, em meio à deterioração da moeda brasileira em decorrência dos receios fiscais do mercado.
Após o leilão, o dólar chegou a recuar quase 0,4%, antes de recuperar parte das perdas. A mínima do pregão foi atingida pela manhã, a R$ 6,1524 (-0,65%), às 10h40.
Na frente de dados, o setor público brasileiro registrou em novembro um déficit primário de R$ 6,620 bilhões, em resultado um pouco melhor do que o esperado pelo mercado, enquanto a dívida pública recuou ligeiramente como proporção do PIB, mostraram números do BC nesta segunda.
No cenário externo, os mercados globais se posicionam para o início do governo de Donald Trump nos Estados Unidos, com a posse do republicano marcada para 20 de janeiro, enquanto refletem sobre a possibilidade de o Federal Reserve reduzir o ritmo de corte na taxa de juros em 2025.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,08%, a 108,080.
Desvalorização do real em 2024
O real fechou o ano de 2024 como uma das moedas a mais se desvalorizarem ante o dólar em todo o mundo, em um período marcado pelo acirramento das preocupações do mercado com o cenário fiscal brasileiro e por fatores externos favoráveis à moeda norte-americana.
Nos últimos meses, investidores têm se mostrado cada vez mais receosos com o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, particularmente depois do anúncio duplo pelo Executivo no fim de novembro de um pacote de contenção de gastos e de um projeto de reforma do Imposto de Renda, com este último gerando mal-estar no mercado.
Fonte: Terra